03/07/2011

No verão passado...


ELE estava lá de pé...olhando o horizonte.


ELA estava lá de pé.. olhando o tempo.


Seus olhares se cruzaram e por um instante (talvez o único) eles olharam na mesma direção e depois se entreolharam e neste momento tudo ganhou cor, uma cor azul meio amarelada que vinha do céu e na mistura com o mar se refletia no seu rosto, meio homem, meio menino e tinha essa dança de cabelos com olhos que o vento insistia em misturar.


Ela se sentiu vulnerável quando ele a olhou, tudo a sua volta se movimentou como num abalo sísmico...o chão se mexeu em formas de onda, talvez por que estivessem na beira do mar, esse velho amigo seu (dela) que sempre lhe trouxe os melhores presentes.


Num piscar de olhos eles não estavam mais tão distantes , se falavam...e como numa sinfonia, os gestos , as palavras e os movimentos embora não estivessem combinados configuravam um ballet perfeito de encontros e numa sucessão de acontecimentos impensados e frenéticos eles seguiam sem saber muito bem para onde, ela não era livre , ele não era valente.


Se beijaram de uma maneira que parecia conhecida dos dois, era fluido, forte, olhos cerrados.Ela não podia se conter e tinha de beija-lo ..seu beijo tinha o cheiro e o gosto certos, estar longe era a tortura de um dia ou dois, quando se tornaram muitos não havia mais remédio para a saudade.


Se olharam com vontade para seu desespero e alegria . Para ela era mais que urgente deixar para trás seus medos e havia pressa, um pouco de pudor e decoro...que não cabiam no momento mas foram colhidos ali ! Ela tinha agora um ser sorridente por causa dele, um sopro de vida a mais no pulsar de seu relogio de carne vermelha.

Depois houve uma grande pausa, como numa mudança de ato em que o ator principal não retorna a cena, depois daquele dia a sensação era de que as portas do céu se fecharam e cada um ficou de um lado ,.quem trancou a porta? por que não havia som ou sinal de luta do outro lado ? ele a teria esquecido? ele teria definitivamente ignorado o seu gesto? afinal ela era grata por tê-la esperado, suportado , abraçado....

No exilio da sua presença e silencio, sem nenhuma noticia ou explicação, ela ficou parada naquele tempo em que tudo tinha essa cor e esse sabor.


Um pouco demorou até que seus olhares mais uma vez se cruzaram em acaso...novamente tudo a sua volta se abalou...derepente se fuzilavam de curiosidades... trocaram palavras de estranhamento e aproximação...se entregaram ao momento, ela por fidelidade ao seu sentimento acreditava estar fazendo uma jura ou um pacto intimo.


Passaram as horas , se viveu um pouco: amor, raiva, ciume, desconfiança, confiança,. romance, sexo, carinho.

A noite fora intensa como muitas vidas não conseguem ser em muitos anos, como as suas proprias vidas não eram.Ela se sentia feliz por poder compartilhar tanto com ele e ele demonstrava o mesmo, clandestinos como chegaram ....eles se despediram meio perdidos e nunca mais se acharam...


Ficou só um gosto na boca.

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